Dia 2 de quarentena

Estar em casa 24 horas por dia com as mesmas pessoas vai dar com todos em malucos.

Ainda só passaram 2 dias e parece que foram 2 meses.

É urgente entreter o menino. É urgente arranjar tempo para cada um de nós. É urgente arranjar forma de não nos divorciarmos todos como família.

Andamos todos assustados. Uma doença afasta as pessoas das pessoas, das ruas, dos trabalhos, das famílias. Temos medo de ter, de apanhar, de transmitir.

Apetece-me fugir e não voltar

Loucura

Pegar num jantar de anos que até não me apetecia ir e transformar aquilo numa festa de dançar até às 7 da manhã.

Foi irresponsável, foi preocupante para os outros, nunca o deveria ter feito. Mas foram frustrações acumuladas que se dissiparam em muita, muita dança.

A minha vida anda virada do avesso. E eu não sei o que fazer com ela.

Tenho saudades de dançar. Tenho saudades de ser eu. De não me deitar todas as noites estourada, a querer dormir às 21.

Tenho saudades de mim

Sem título

Ultimamente tem sido muito disto…

Jantar para um

Papá

Tenho muitas saudades tuas. Já não consigo lembrar-me do teu cheiro. Ou até da tua voz. Não sei se ias gostar da pessoa que me tornei. Não sei se sou tão correcta como gostarias que fosse. Não sei se ainda sou a tua Maricotas. Sei que continua a doer. 18 anos depois e ainda choro aqui, na varanda, onde bebo o meu copo de vinho e fumo o meu cigarro. Tu ias gostar de estar aqui. É um bocadinho de sossego na cidade. Tu gostavas do sossego. E tenho a certeza que esta casa aprovarias. Mesmo que não o resto. Tudo seria diferente se, há 18 anos, não tivéssemos aquela noite horrível. Tudo, mesmo tudo. Não sei qual era o caminho mas sei que não implicaria 2 filhos, um curso superior que não serve para nada e um emprego de merda a ganhar o ordenado mínimo. Obrigada pelos meninos papá. Não estariam aqui se não fosses tu

Respirar

Sogra cai. Falo com ela ao telefone e pergunto o que aconteceu.

Olha, sai de casa e fui apanhar o metro. Queria ir falar com o padre J às 19:30 que é a hora a que acaba a missa e já eram 19:05. Tinha medo que fosse embora porque queria falar com ele porque a S e o L querem batizar os meninos. O mais velho já está no segundo ano da catequese até mas não há problema. O L é… não sei se é preparador físico ou treinador adjunto da equipa sub 15 ou sub 17. Acho que é adjunto e acho que é sub 17. E eles têm os fins de semana sempre ocupados. Se fosse a comunhão o pai não tinha de estar presente embora quisesse mas no batizado têm de estar os dois pais e os padrinhos. Quando foi o casamento da cunhada o T fazia anos e mesmo assim ele só lá chegou às 22. Todos os fins de semana estão ocupados, o campeonato deles começa antes dos grandes e até acho que acaba depois. Mas no de dia 20 vai haver paragens. Não sei se é por causa de seleções ou porque é que vai haver paragens. E só neste dia é que ele pode batizar os meninos. E por isso eu ia falar com o padre J…

Perceberam como caiu? 😀

Mudanças de humor

Voltar de férias é sempre difícil. Voltar de férias para um ambiente de trabalho que não se gosta, ainda pior.

Regressar e ver toda a dinâmica mudada tem-me feito a cabeça em água.

De manhã não vou ter com ela ao café. Almoço sozinha e vou caminhar em vez de ir ter com elas.

A música é insuportável (ouvir o mafiosa 5 vezes por dia não se deseja a ninguém) e tudo são piadas privadas.

Há horas em que me apetece chorar. Várias vezes por dia.

E há um mês sentia-me feliz e realizada.

Tenho de sair dali, com urgência

Foi um ar que se lhe deu

O da esquerda é um balão com 3 meses. O da direita um balão com 1 dia. Ambas as fotos foram tiradas hoje de manhã.

É tudo, por agora…

Disponibilidade de horários

Acabei de sair de uma entrevista de emprego. O trabalho parecia-me espetacular, estavam dispostos a esperar que eu recuperasse da operação (que é dia 7, btw), as pessoas muito simpáticas. O horário não dá para quem tem um filho pequeno…

É a segunda entrevista a que vou e que não posso aceitar por causa do horário.

É a segunda vez que falto uma hora ao trabalho, que me arranjo toda, que ponho o melhor sorriso. E eles ficam satisfeitos e querem que eu vá trabalhar com eles.

E no final tenho de dizer que não e fico desolada…

Dormir em paz

Dia 25 de março de 2017 ficou marcado pela perda de uma das pessoas mais genuínas que tive o prazer de ter na minha vida.

Dia 25 de março de 2018 fica marcado pela tristeza, desilusão e raiva de ver a vida a ir pelo cano.

Há 7 anos que estamos juntos. Já passamos por muito, já nos zangamos, já nos bloqueamos, já fizemos as pazes. “Casamos” só os dois, tivemos um filho. Vivemos na casa mais maravilhosa de todas as casas.

E tudo isto foi pelo charco porque, como dizia a avó do outro, o homem tem 2 cabeças mas sangue suficiente para só uma funcionar.

Os últimos tempos não foram fáceis. Distanciamo-nos, deixamos de cuidar um do outro, vivíamos na rotina do trabalho que ambos odeiam, da família, da casa que é preciso cuidar e do herdeiro que é tão importante.

Mas no início do mês fizemos uma promessa de renovar. De namorar, de estarmos juntos, de olharmos um para o outro com os olhos de ver e não só de passagem.

No domingo li coisas que me partiram o coração. Partiram. Em bocadinhos. Quase, quase em areia.

Não gosto de estar aqui. Não queria ter saído de casa. Era o meu lar.

Queria sair do trabalho e, como ainda é de dia, ir com o miúdo ao parque em frente. Comprar o pão todos os dias antes de ir para o trabalho. Tomar um café na varanda.

Aqui não consigo dormir. A cama range, o herdeiro acorda a toda a hora, as noites são passadas em claro. Não durmo. Não consigo.

Ter de reorganizar toda uma vida não é fácil. Principalmente quando estamos cheios de mágoa.

Mas não será isto que vai ditar o fim. Vou reerguer-me. Vou renascer. Está prometido.